sábado, 20 de dezembro de 2008

Porta aberta

É que às vezes a gente sente
Que o sentir não adianta
Que cantar é a esperança
De um dia ser feliz

Tantas vezes que sorri
Quantas noites não dormi
Deixa o dia amanhacer
E amanhã a gente vê

Vou indo agora
Já deu a hora
Vou deixar você partir

Vou deixar a porta aberta
Mas não pense que acerta
Pois alguém mais há de vir

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

...

Doce aventura pela loucura

O dia já não tem mais luz

Noite morta cheia de acasos

É triste o tempo e o vento

Ar seco do gelo que gela a alma

Espírito novo roendo o sal

Melancolia

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Vejamos

Sento-me a beira disso
Escuto
é o silêncio tentando entrar
As portas vivem fechadas
e as janelas a me sufocar
Quantas vezes foram ditas
Foram lidas
As mesmas palavras
Vejam bem
Não é isso, nem aquilo
Nem sequer o que poderia ser
Mas é sim o infinito disso tudo
E tudo, que se transforma em nada
E nada faz sentido
E o sentido não faz nada
Não nos calemos, nem nos perdemos
Por favor

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Tentarei ressuscitar!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008


Gostaria que esse tipo de imagem fosse constante,
e não apenas pequenos momentos passados longe do caos.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Coloco minhas mãos no fogo...

...E não por algo ou alguém, simplesmente para aquecê-las.
Se falo muito é porque não penso, e se me calo é porque estou só.
Não queria uma vida de momentos apenas, mas sim de intensos acontecimentos.
As horas passam, os dias são quase iguais.
E tento crer apenas.
E olho para trás, não deveria.
A luta, a espera e a conquista.
Hoje, nunca mais...
Minha juventude é em vão...

domingo, 27 de julho de 2008

Aos que virão depois de nós

I

Eu vivo em tempos sombrios.
Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez,
uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
Aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia.

Que tempos são esses, quando
falar sobre flores é quase um crime.
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
Aquele que cruza tranqüilamente a rua
já está então inacessível aos amigos
que se encontram necessitados?
É verdade: eu ainda ganho o bastante para viver.
Mas acreditem: é por acaso. Nada do que eu faço
Dá-me o direito de comer quando eu tenho fome.
Por acaso estou sendo poupado.
(Se a minha sorte me deixa estou perdido!)

Dizem-me: come e bebe! Fica feliz por teres o que tens!
Mas como é que posso comer e beber,
se a comida que eu como, eu tiro de quem tem fome?
se o copo de água que eu bebo, faz falta a quem tem sede?

Mas apesar disso, eu continuo comendo e bebendo.
Eu queria ser um sábio.
Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria:
Manter-se afastado dos problemas do mundo
e sem medo passar o tempo que se tem para viver na terra;

Seguir seu caminho sem violência,
pagar o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, mas esquecê-los.
Sabedoria é isso!
Mas eu não consigo agir assim.
É verdade, eu vivo em tempos sombrios!

II

Eu vim para a cidade no tempo da desordem,
quando a fome reinava.
Eu vim para o convívio dos homens no tempo da revolta
e me revoltei ao lado deles.
Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.
Eu comi o meu pão no meio das batalhas,
deitei-me entre os assassinos para dormir,
Fiz amor sem muita atenção
e não tive paciência com a natureza.
Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.

III

Vocês, que vão emergir das ondas
em que nós perecemos,
pensem,
quando falarem das nossas fraquezas,
nos tempos sombrios
de que vocês tiveram a sorte de escapar.
Nós existíamos através da luta de classes,
mudando mais seguidamente de países que de sapatos,
desesperados!
quando só havia injustiça e não havia revolta.

Nós sabemos:
o ódio contra a baixeza
também endurece os rostos!
A cólera contra a injustiça
faz a voz ficar rouca!
Infelizmente, nós,
que queríamos preparar o caminho para a amizade,
não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.
Mas vocês, quando chegar o tempo
em que o homem seja amigo do homem,
pensem em nós
com um pouco de compreensão.

(Bertold Brecht)

Esse realmente é um poema que me comove. E eu tive o prazer de ficar em cartaz alguns meses com uma peça muito inspirada em Brecht e que teve justamente esse poema adaptado. Me emocionava todas as vezes que ele era declamado em frente ao público, com toda a verdade nos olhos da atriz...
E por mais que ele tenha sido escrito há muito tempo, o sentimento ainda é o mesmo: "eu vivo em tempos sombrios..."

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Ai, passa logo tempo
Que eu já não agüento mais
É tanta agonia dentro do peito
Que não faz sentido, jamais
Vai, depois volta
Que já passa a hora
E eu quero dormir
Choro, depois sorrio
Pois sei que não vai partir
Pressente o presente
E deixe de ser
Fecha os olhos e sente
Pois já não sei o que dizer...

(Isis Witkowski Franciatto)

terça-feira, 22 de julho de 2008

Corra e Olha o Céu

(Cartola e Dalmo Castello)


Linda
Te sinto mais bela
Te fico na espera
Me sinto tão só, mas
O tempo que passa
Em dó maior, bem maior
Linda
No que se apresenta
O triste se ausenta
Fez-se a alegria
Corra e olha o céu
Que o sol vem trazer
Bom dia
Ah, corra e olha o céu
Que o sol vem trazer
Bom dia

http://www.youtube.com/watch?v=DXqSLUUb-Tc&feature=related

segunda-feira, 21 de julho de 2008

"Uma música que seja

... como os mais belos harmônicos da natureza. Uma música que seja como o som do vento na cordoalha dos navios, aumentando gradativamente de tom até atingir aquele em que se cria uma reta ascendente para o infinito. Uma música que comece sem começo e termine sem fim. Uma música que seja como o som do vento numa enorme harpa plantada no deserto. Uma música que seja como a nota lancinante deixada no ar por um pássaro que morre. Uma música que seja como o som dos altos ramos das grandes árvores vergastadas pelos temporais. Uma música que seja como o ponto de reunião de muitas vozes em busca de uma harmonia nova. Uma música que seja como o vôo de uma gaivota numa aurora de novos sons..."


Vinicius de Moraes


Nada como inaugurar o blog com o grande Vinicius de Moraes, que através de suas palavras mostrava sua sensibilidade e maestria.